Auschwitz



Recentemente fui ao que resta do campo de concentração da WWII de Auschwitz. Fica na Polónia, numa localidade chama Oswiecim, não muito longe de Cracóvia.

Na realidade eram 3 campos, Auschwitz propriamente dito que era um quartel das tropas Polacas, Auschwitz-Birkenau que é o campo enorme onde se vê o comboio a entrar na Lista De Schindler e, Auschwitz Monowitz (Monowice em polaco) que era um campo de trabalhadores (i.e. escravos) da IG Farben.

No primeiro complexo existe um vasto museu onde se mostram as atrocidades do Holocausto. Salas com milhares de sapatos, óculos e outros objectos empilhados tirados aos prisioneiros.
Á entrada escrito no portão "Albeit macht frei", "trabalho
dá liberdade" em alemão. Ao entrarem eram saudados com uma orquestra para.. que ficassem quietos enquanto eram contados.


Nem só de judeus viveu Auschwitz. Polacos, ciganos, homossexuais foram chacinados como vacas num matadouro. Existia um código de classificação a colocar na roupa que determinava também a hierarquia entre prisioneiros. Por exemplo os ciganos eram "superiores" aos judeus por serem cristãos. Havia também acumulação. Um judeu homossexual teria cosido na vestimentas a cruz de David e o triângulo gay.


Existe uma catacumba-prisão onde se pode ver a cela do padre Maximiliano Kolbe, que deu a vida por outro prisioneiro. Ao lado uns cubículos de menos de 1x1m de lado em quem ficavam...quatro prisioneiros...de pé.

Também um forno crematório e uma Câmara de gás.



3km ao lado está Auschwitz II - Birkenau. Enorme, 2 x 2.5km. Muito foi destruido no fim da guerra pelos alemães após a capitulação, mas uma enorme quantidade de barracas mantém-se, tal como a linha de comboio.


Muito do que se sabe hoje em dia deve-se a documentos que foram sido sonegados de dentro do campo durante o seu funcionamento. Inicialmente estimou-se o número de vitimas ali em 6 milhões. Depois concluiu-se que pouco teria passado de um milhão, que não retira nada ao terror que ali passou. Nem os polacos a viverem nas áreas circundantes tinham a noção da escala de desumaninada que ali se passava.

O campo era gerido como uma fábrica. Fábrica de morte. Se chegassem menos de 400 prisioneiros para matar, era a tiro um por um. Fazia-se uma vala, uma pira em chamas lá dentro e disparava-se um tiro na nuca no prisioneiro junto á borda da vala, caindo lá dentro e ardendo. Muitas vezes o tiro era mal dado e o infeliz morria era mesmo queimado.

Mais de 400 e era o "Tratamento Especial". Ás vezes chegada um comboio e descarregava os pobres judeus e afins que vinham de sitios tão distantes como Creta. Formavam-se duas filas, uma á esquerda e outra á direita. A primera de mulheres, velhotes, deficientes e crianças. A segunda de homens capazes de trabalhar. Muitos já tinham morrido sufocados dentro dos combios.

A maior parte das vezes, mesmo chegando durante a noite, não reparavam nas chaminés a deitar fumo e o cheiro nauseabundo a carme queimada. Nem sonhavam que lá iam parar em pouco tempo.

A fila das mulheres ia directamente para a câmara de gás. Metiam 2000 lá dentro, depois de lhes tirar a roupa. O duche nunca vinha, mas sim o gás de cianeto Zyklon-B. Vinha do chão, e ia subindo, matando primeiro os mais baixos. Levava cerca de 2 minutos a matar toda a gente. Depois de algum tempo os Sonderkommandos que tinham accionado o gás, entravam lá e encontravam os cadáveres já empilhados. O desespero levava a que os que ficavam para o fim tentassem subir para cima dos outros para sobreviver mais um pouco. O fim era o mesmo, cedo ou tarde. Carne para ser queimada como lenha.

Um veículo disfarçado de ambulância com insignias da Cruz Vermelha trazia o Zyklon-B, um belo exemplo do cinismo vigente.

Os Sonderkommandos eram judeus. Responsáveis por operar as câmaras de gás e queimar os corpos. Eram muito bem tratados, comiam o quueriam e nunca eram alvo de espancamento. Ao contrário dos seus congéneres que viviam como animais em barracas e comiam uma ração sem qualquer valor nutritivo para morrerem mais depressa, tinham uma duração de vida consistente. A cada 3 ou 4 meses eram todos mortos já a pensar que um dia poderiam saber demais. Um dia, pressentindo já o fim, organizaram um motim e mataram dezenas de soldados, antes de serem exterminados.

Além das matanças e tratamento desumano algo mais gritante passava-se nos bastidores. A raça ariana necessitava de efectuar experiências humanas. O Dr Mengele liderava uma investigação científica de modo a clonar a raça ariano. O hospital basicamenet recebia doentes para os deixar morrer. Se detectassem alguma doença contagiosa, exterminavam imediatamente todos os ocupantes da barraca do doentes, tal como os das barracas adjacentes.

O objectivo da ocupação nazi da Europa de Leste era executar TODOS os povos eslavos e substitui-los por arianos. Era claro, necessário tê-los em número suficiente, dai o estudar de gémeos. Sempre que apareciam gémeos judeus, eram mortos e embalsamados para estudo. Rarissimo, se tivermos em conta que mortes naturais simultâneas de gémeos são muito improváveis. A maior parte das experiências, segundo médicos, eram de carácter científico muito duvidoso, e apenas actos de barbárie cruel.

Outro objectivo ainda mais chocante era o demonstrar da inferioridade das outras raças. Era de total convição que os deficientes eram todos não arianos, resumindo-se a judeus e afins. Por isso quando aparecia um cambado era logo morto e o seu esqueleto enviado para o museu Ariano de Berlin. Conta um médico que escreveu um livro que para arrancar a carne de um esqueleto pôs-se o corpo a ferver horas e horas num caldeirão de água quente. Tal era a probreza que apanharam uns pobres judeus á socapa a arrancar bocados de carne e a comerem-nos sem sonhar o que era o petisco.

No fim da Guerra os nazis queimaram o campo e fuguiram com os prisioneiros. Á boa maneira da retirada napoleónica da Rússia os que não acompanhavam a marcha (por nem sapatos terem) eram mortos na hora. Triste, morrer a 1 dia do fim da guerra.

Li num livro que uns judeus apanharam um oficial nazi, já depois da guerra ter acabado. Foram enforcá-lo, e o autor judeu tentou impedi-los. Um dos carrascos mandou-o calar, que o aquele alemão tinha morto o pai dele.

Há muitas mais histórias e outras versões destas mesma...Cada uma pior que a outra.

O que faz diferir este massacre de muitos outros na históra é q crueldade impiedosa e a maquinação industrial de morte. A eficiência, dotada de engenharia e grandes meios de logística, para matar em pouco tempo e a baixo custos impressiona. Se fossem portugueses a tentar fazer isto, era um dia os fornos que não funcionavam, os soldados amiguinhos dos judeus, os comboios avariados e atrasados, as obras das camaratas atrasadas, prisioneiros sornas e rebeldes etc.

Mas não, ali havia números de execuções a cumprir por mês e caso assim não fosse o chefe do campo era responsabilizado e tinha de prestar contas a Berlim.

Mais ainda o conceito. Exterminar não apenas por objectivo de eleminar inimigos (soldados, como na prisão em Pawiak Varsóvia etc) mas sim civis porque eram uma raça inferior.

Fica uma pergunta..Os Aliados sabendo disto (e sabiam) porque nunca bombardeavam a linha de comboio que levava os prisinieiros a Auschwitz?
Salvaria milhares de cada vez que atrasasse a produção de cinzas de cadáveres.
Ou mesmo arrasar o campo, limpando o que já lá estivesse?

Comments

Jingas said…
Arrepiante...
Jingas said…
... o que lá se passou...

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