Jogo com os Ponchos e Sombreros


No dia anterior ao jogo apanhei um voo para Londres-Stansted que chegou por volta das 23h, com o objectivo de dormir lá mesmo na aerogare e apanhar um segundo ás 6h40 para Niederrhein, um aeroporto low-cost convetido de uma base da RAF a 80 km de Dusseldorf, numa vilazeca chamada Weese. Mal pensava eu que ia ser tramado dormir na aerogare. Centenas de pessoas fizeram o mesmo porque o aeroporto, estando fora de qualquer aglomerado populacional, opera 24/24h. De manhã, qual a minha surpresa de ver este esquema rebuscado de voos lowcost ser conhecido. Alguns portugueses iam apanhar o mesmo voo, mas em muito maior número, estavam mexicanos!!

Ao chegar a Weese, toca a vestir a camisola da seleção e apanhar o bus para Dusserldorf, que ficava a cerca de uma hora dali. Devido a atraso do avião, todos perdêmo-lo, e o seguinte era só 3 horas depois. Dividimos um taxi com uns tugas que pensavam ter voado para o Aeroporto Internacional de Dusseldorf (Weese apresenta-se como apt de Dusseldorf, o que é publicidade enganosa, no minimo) onde tinham inclusive alugado um carro. Para seu espanto estavam a 80km do destino. Uma horita e pouco de trasnportes e chegámos a Gelsenkirchen onde os portugueses estavam numa proporção de 1 para 10 em relação aos mexicanos.

A esmagadora maioria deles não era imigrante na Europa, eram mesmo mexicanos com $$ que tinham franquiado o atlântico para ver os jogos. Sombreros, rocas de madeira e muita cantoria mostravam um entusiasmo excessivo. Pensava eu que "eles iam acabar sentados em cima do sombrero". A cidade é pequena demais para acolher um evento deste tipo. Gelsenkirchen fica encostada a Dortmund, Dusseldorf, Duisburg, Essen, Bochum, Leverkusen e Moenchengladbach, todas cidades industriais do Ruhr. Nesta zona compactada de pequenas cidades moram 7 milhões de habitantes e metade da Bundesliga é da liga.

Foi um inferno para apanhar o elétrico para o estádio, com este a vir com 2 e 3 carraguens que ocupavam 1/3 da estação. A polícia local, com a ajuda da PSP e GNR tudo fizeram para manter a ordem. Pelo caminho, carros e autocarros engarrafados também mostravam não haver alternativa.

No estádio, esse sim espetacular e 100% coberto, começava a festa.
Os mexicanos estavam em esmagadora maioria, por todo o lado. Os portugueses faziam barulho, mas não cor. Começa o jogo e os mexicanos mostram perigo duas vezes, logo antes do Maniche nos colocar em vantagem. A cantoria deles acabou ai por um bom bocado, mais abafada ainda depois do nosso segundo golo. As olas mexicanas foram nossas.

Na segunda parte, o méxico entrou bem e reduziu um golo, ai sim festa dos mexicanos. Os tugas, esses não se calaram mesmo com o México a ser o mais interventivo em campo. Até que o árbitro marca um penalty para os mexicanos. Ai desatam aos pulos, enquanto nós fazíamos figas. O mexicano corre para a bola e manda-a um belo metro acima da barra, e ficam os compatriotas boaquiabertos enquanto se dá uma explosão de festejos portugueses. Garanto que festejei mais o penalty perdoado que os golos marcados. A expulsão de um mexicano também foi festejada como um golo. A meio do jogo seguimos o resultado de Angola e cantávamos a "angola, angola" de vez em quando. O cântigo nosso por excelência era "E esta merda é toda nossa".

No fim, os mexicanos sairam bem depressa, um pouco cabisbaixos mas satisfeitos porque passaram na mesma. Ouviu-se partir o helicóptero do Kaiser, logo depois do fim do jogo.

Ao voltar para gelsenkirchen a festa era total. Conhecemos um espanhol de tenerife, emigrate em Moenchengladbach, que gabava-se de ter um negócio frequentado pelo Jupp Heynckes.

Apanhámos um comboio para Dortmund, e conhecemos 2 mexicanos totalmente podres de bêbedos que queriam saber os nomes dos jogadores que lhes marcaram os golos. Um era nascido na alemanha e outro era de Tampico. Em clima de amizade, contámos que éramos da terra do Cristiano Ronaldo. Os gajos perguntam "São da Madeira?" (sabe-se lá como conheciam). Explodiram de alegria.

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