CP Valour Jaz no fundo do Atlântico

Finalmente o CP Valour abandonou o Faial, após 9 meses encalhado.

Um erro de navegação da tripulação croata, motivado pelo excesso de workload durante a fase de aproximação. Apenas 3 tripulantes geriam o enorme navio numa ponte dimensionada para muitos mais. Duas linhas de postos de controlo e monitorização eram demasiado esparsas para serem geridas com rapidez somando ainda as comunicações via rádio para quem operava os ferros (âncora) na proa. O navio deveria ter fundeado para arranjar um problema nas máquinas e não parou, pois estava com máquinas a meia avante quando deveria estar parado. Encalhou a 6 nós de velocidade e dali já não sairia em condições. A hipótese de esquema por causa de seguros é pouco provável, já que o navio tinha sofrido um overhaul com montagem de equipamentos novos e estava em perfeito estado.

Após meses a desmontar máquinas, ponte e atirar contentores com custos imensos, chegou-se a hora de o tirar dali. A empresa holandesa a cargo deste projecto trouxe um sul-africano que orientou esta fase. Instalaram-se geradores e compressores a bordo para injectar constantemente ar comprimido para dentro dos porões e assegurar flutuabilidade num casco feito em peneira. Durante duas semanas se tentou fazê-lo sair do fundo sem sucesso. Optou-se então por mandar vir um rebocador enorme e caríssimo (várias de dezenas de milhar de contos ao dia) que o conseguiu soltar (a ponte de corda que ligava a terra rebentou logo) e rebocar para fora. Ao fim de 20 milhas da costa, os porões 3 e 4 começam e meter água (o 1 e 2 já estavam assim) e declara-se emergência. Estavam a bordo do CPValour 7 técnicos que foram salvos pelo Puma da FAP. O CP Valour reside agora no fundo do Oceano Atlântico a 1700m de profundidade, tendo arrastado consigo os geradores e compressores de cerca de um milhão de euros. Do ponto de vista ecológico foi um sucesso, tendo a empresa holandesa perdido um chorudo prémio que seria outorgado na entrega do CP Valour em Lisboa.

Os mais de 100 contentores em Lisboa serão agora alvo de processos judiciais, cada encomenda é um processo em separado. Havia de tudo, desde veículos de luxo, a peles e comida (o cheiro que se viveu durante a recolha dos contentores era intenso e nauseabundo).

Entretanto a canadiana CP e os seus 70 navios foi comprada pela Hapag Lloyd.

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