Câmara de Lisboa - a última décad(ênci)a

Câmara de Lisboa

Muito criticam as câmaras pequenas (como Felgueiras) em geral pelo despesismo incontrolado e pelo peculato e tráfico de influências.

Mas Lisboa é uma cidade sem rumo desde que lá vivo, 1997.

Nessa altura inaugurou-se a zona da Expo, a ponte VG e o comboio no tampo inferior da 25 de Abril. O metro expandiu-se em grande mas conseguiu ficar aquém do aeroporto e das Amoreiras. A zona fluvial de metro ficou planeada mas os anos e anos de atraso que leva já o metro na zona do Terreiro do Paço são inaceitáveis. Os milhões e milhões gastos numa toca de toupeira submarina poderiam sustentar pequenas cidades durante anos. Entretanto a baixa está podre (e antes das cosméticas de 2000 era intragável á noite). As lojas que um dia foram finas agora têm os letreiros degradados. Os restaurantes estão velhos, são caros e só valem pela localização. O pitoresco para os turistas pata mim é nojento. Basta atravessar duas ruas paralelas á Av da Liberdade ou ás grandes praças para ver prédios todos podres a rondar o devoluto, verificando-se derrocadas de vez em quando. Não chega apenas justificar este fenómeno com argumentos relacionados com rendas baixas não revistas.

Chama-se falta de orgulho. Nos anos 60 a cidade de Angra foi arrasada por um terremoto, o povo reconstruiu tudo tal e qual. O Euro 2004 pouco trouxe, senão o renovar dos estádios da Luz e de Alvalade. Um erro imenso, deveriam ter sido ambos demolidos e construído um fora da cidade. Ver carros parados na segunda circular ao pé da Luz e na cidade universitária em dia de jogos é triste.

No manta de retalhos que é o aeroporto fez-se uma tenda na zona militar para acolher os visitantes. Este ano começou a construção de um novo terminal. Pergunto: não se podia ter feito antes na altura do Euro? Talvez tivesse emperrado a OTA. Nada a preocupar, a TAP já afirmou mudar a sua manutenção para Beja, o que para mim sela o destino da zona da Portela: Stanley Ho e a Alta de Lisboa.

A cidade continua um pasto de barulho, de trânsito desgovernado, e de sinalética incompreensível. Tirando a muito contestada obra do túnel do Marquês, o resto tem sido um desastre. O túnel do Rossio que já leva mais atraso que tempo de construção, a estação de comboio de Campolide que só fechou quando o chão cedeu e caiu um autocarro por lá abaixo. A CRIL que está há anos parada em 3 kms por causa de umas casas que não foram expropridadas. Pronta, ligaria Algés á ponte Vasco da Gama, libertando em muito a 2ª circular o ponto de asfixia de Lisboa. Uma infraestrutura que custou milhões de contos, neste momento quase inútil. Vindos do lado de Cascais ao chegar á Buraca, fecham as 3 filas com "x" e toca a sair para o IC-19. A exterior CREL, que liga Cascais a Alverca, com as suas portagens de 5 euros ida e volta instituídas como medida para gerar ganhos imediatos de combate ao défice no fim de 2002 são mais um enterranço. Podiam ajudar a divergir o tra´fego de trasnporte do zona de Lisboa mas obviamente que isso não acontece. Aqui podemos dizer que não é um problema de Lisboa, já que a estrada passa fora maioritariamente pelo concelhos de Odivelas e Loures.

Lisboa é uma cidade sem orgulho e sem rumo. Desde Jorge Sampaio que têm sido desastres uns atrás dos outros na presidência. João Soares é um político de vácuo atrás do pai. Santana Lopes é um saco de ar quente, já bem conhecido desde os tempos do Sporting e Figueira.

Mas depois o nível caiu ainda mais. Quando o Santana foi contratado como "bode expiatório" para São Bento subiu ao seu lugar Carmona Rodrigues. Quem?? Um gajo com cara de drogado, todo carocho, sem cabelo e com um carisma NULO. Nas eleições seguintes, o alerta vermelho soou. Concorreu, e ganhou Carmona pelo PSD, contra Manuel Maria Carrilho pelo PS e Ruben Carvalho pelos comunas.

Com este "elenco" já se via que algo se passava de mal.

Mais dois anos de tempo perdido e com a coligação com o PP perdida a Câmara está sem rumo e o próprio partido puxa a carpete debaixo dos pés de Carmona na assembelia municipal e o líder (enfim...) partidário Marques Mendes divorcia-se dele.

Descobre-se então um buraco de 1200 Milhões de Euros. INCRÍVEL soma. Desses 800 milhões são dividas de curto prazo, tipo juros, serviços não pagos,bens comprados sem pagar...

Lisboa é um calote imenso, igual ou pior per cpaita em relação ás pequenas autarquias governadas por energúmenos sem capacidade de gestão. Afinal em Lisboa talvez hajam sacos azuis também.

Agora salvadores não faltam, o PSD, PS e PP querem avançar com a guarda forte nas próximas eleições, os "salvadores". O patético Carmona quer ir como independente.

A capital dá o exemplo para o resto do País...

Comments

il _messaggero said…
Lisboa já é uma cidade sem rumo faz muitos anos, tendo sido giovernada por pessoa sem qualquer tipo de visão a longo prazo...

Mas como em tudo neste país, é de notar que os grandes planos são sempre feitos ao sabor da especulação imobiliária (falas da Alta de Lx e do projecto de Stanley Ho que é um bom exemplo)...Mas isto tem uma boa razão: o grosso do orçamento das CM em portugal advém da parte de liecnciamentos imobiliários. Ora com as capacidades de endividamento das Câmaras mesmo no limite, resta a opção de licenciar para construir...

Ainda assim, julgo que Lisboa tem um potencial inestimável (é uma capital com inúmeros dias de sol, à beira rio, com monumentos e interesse histórico grande, com uma vida nocturna muito boa, etc.) e pese todos os graves problemas que apontas (e bem), julgo que a campaínha já ressoa e os lisboetas já estarão fartos de promessas em vão...

Será que será desta que um movimentos de cidadãos independente levará a melhor sobre os partidos? Será que as opções partidárias levarão em linha de conta os interesses dos lisboetas em detrimentos dos próprios interesses - (notar que o simbolismo de ter em sua posse a maior e mais importante câmara do país é muito grande)?

Veremos nestas intercalares...
lorenzetti said…
Continua o incompreensível direito de voto exclusivo em Lisboa dos residentes em Lisboa.

Sendo que residir em Lisboa é cada vez mais raro, como se sabe, relativamente ao número de pessoas que aí vivem todo o dia, porque aí trabalham, estudam, ou porque passam aí quase todo o seu tempo.

Todos aqueles que penam no IC19 ou na autoestrada Cascais-Lisboa ou na Ponte 25 de Abril, Vasco da Gama e afins passam o seu dia em Lisboa.

Muitas vezes mal conhecem o sítio onde vivem, desde os vizinhos a quem é o presidente da Câmara, para não falar no -- nunca soube quem é, nem de que partido é -- presidente da 'junta'.

No entanto, não votam em Lisboa.

A mesma Lisboa onde fazem tudo, onde gastam e ganham dinheiro, que conhecem melhor que o concelho onde vão dormir.

O que leva L. a pensar se os resultados eleitorais em Lisboa não serão injustos, errados e inúteis.

Pelo menos enquanto os universitários e restantes estudantes, e todos os que 'dormem' fora de Lisboa, que trabalham em Lisboa, aqueles cujo BI não diz Lisboa em 'residência', não votarem em Lisboa.

Porque vendo bem, são eles que vivem -- e que são -- a Capital.

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