Tributo ao primeiro-sargento José Ramos da FAP


Tributo ao primeiro-sargento José Ramos da FAP

Há dias estive nos Açores e falei com uma pessoa local do glider da Air Transat.

O cte ficou por heroi/culpado, mas o controlador de serviço, o primeiro-sargento José Ramos da FAP, foi quem convenceu o cte a ir logo para a decisão de amaragem. Ele que não sendo piloto fez as contas de quanto conseguia um Airbus A330 planar, informando o cte de que o avião que ele pilotava era capaz de aterrar nas Lages. 

No fim de tudo, foi um final feliz excepto para um casal de passageiros, que ao desembarcar parecia pouco satisfeito com estarem sãos e salvos.

Ao que parece o senhor, já a ver o Inferno, resolveu passar para o Purgatório, confessando à mulher que andava metido com uma familiar bem próxima dela.

Calado até ao fim, é o moral da história. Até no ATR da Tuninter que caiu no Mediterrâneo em 2005 sobreviveu gente.

Em http://www.auniao.com/noticias/ver.php?id=1311 :


Publicado na Sexta-Feira, dia 04 de Fevereiro de 2005, em Actualidade


Aterragem de emergência nas Lajes




O controlador aéreo que apoiou a aterragem do Airbus que em 2001 ficou sem combustível ao largo dos Açores vai ser distinguido hoje com um prémio norte-americano, durante a gala dos 95 anos do Aero Clube de Portugal.
É a primeira vez que o primeiro-sargento da Força Aérea Portuguesa (FAP) José Ramos, de 43 anos, vê reconhecido publicamente em Portugal o seu apoio ao comandante na aterragem de emergência na Base das Lajes do Airbus 330, voo TSC 236 da Air Transat, com 301 pessoas a bordo.
"Limitei-me a fazer o meu trabalho", disse ontem à Agência Lusa o controlador aéreo ao serviço da FAP há cerca de 23 anos que vai receber o galardão ISS Safety Award, uma distinção que premeia a prevenção, auxílio e socorro e é, pela primeira vez, atribuída em termos individuais O dia 24 de Agosto de 2001, dificilmente será esquecido e "ficará sempre na memória pelo salvamento de tantas vidas", salientou José Ramos.
"Evitou-se uma tragédia e salvaram-se centenas de vidas, pessoas que já não acreditavam que pudessem chegar a terra firme".
O primeiro-sargento da FAP recordou à Lusa os acontecimentos vividos durante a madrugada daquele dia:
"Por volta das 05:15, estava de serviço na base das Lajes, e o controlo de Santa Maria, solicitou a minha colaboração para prestar auxílio a uma aeronave civil que estava em dificuldades por falta de combustível".
Após estabelecer contacto com o aparelho, "a primeira comunicação que recebi do comandante foi: Vou amarar", recordou José Ramos.
Apesar da situação ser muito delicada, "tentei transmitir alguma calma e confiança e disse-lhe: Aguente- se, não vai amarar ainda. Está a 30 milhas das Lajes. Vou trazê-lo para terra", disse o controlador ao comandante desesperado.
Face à evidente amaragem do avião, José Ramos accionou todos os mecanismos de socorro e salvamento da região, "como mandam as regras", disse.
"Até porque, não havia conhecimento de que um avião de grande porte pudesse planar durante tanto tempo", explicou.
Com os meios de socorro e salvamento accionados, era então altura de colocá-lo cá em baixo, "com o menor impacto possível e o mais perto de terra".
No entanto, depois de alguns contactos com o comandante, "constatei que este recebia falsas informações dos instrumentos de bordo, em relação à sua localização".
"E, foi aí que após verificar no radar a posição correcta do aparelho e depois de efectuar várias contas ao segundo - razão da descida e velocidade do aparelho - acreditei e tive a confiança que conseguia trazer aquele avião para a pista das Lajes", na Ilha Terceira, assegurou.
Com os motores parados, o avião planou durante entre 20 a 25 minutos, até atingir a ilha Terceira, mas existia outro problema, desviar a aeronave de grandes centros populacionais.
"A preocupação era agora para que o aparelho não passasse, sem motores, por cima da cidade da Praia da Vitória", com cerca de 10 mil habitantes, recorda ainda.
Para José Ramos, "felizmente, o excelente trabalho do comandante", que seguiu as indicações de terra, permitiu que todos chegassem sãos e salvos à pista das Lajes".
"A sorte também esteve do nosso lado, pois caso o avião estivesse a uma distância maior, dificilmente, se evitaria uma tragédia", assegurou.
Recusando-se a ser tratado "como herói", o primeiro- sargento da FAP, realça que a aterragem nas Lajes foi uma coordenação conjunta com o comandante do avião, "um piloto com sangue frio e muita experiência".
José Ramos, actualmente colocado na Base Aérea de Beja, foi distinguido em 2001 pelo Comando Americano dos Açores com o "Lt Gen Gordon A. Blake Aircraft Save Award" pela sua intervenção no incidente do voo TSC 236 da Air Transat, uma distinção de segurança atribuída pela primeira vez a um não americano.
A sua intervenção, considerada decisiva na aterragem do aparelho, avaliado em 150 milhões de dólares, vai agora ser reconhecida pelo Aero Clube de Portugal.


Alguns links:
http://auroqueemorgiasebacanais.blogspot.pt/2009/11/ze-ramos-e-o-air-transat.html

http://memoireairfrance.canalblog.com/archives/2005/02/index.html


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