Pluralismo religioso na India
Escrevo apenas sobre o que vi e não no que é a realidade global da nação. A religião hindu predomina, com vários templos de tamanhos diferentes. Em Mumbai entrámos num da (seita?) Jainin. Creio que poder ser vista como o ramo ortodoxo da religião hindu. São vegetarianos radicais (origem dos vegan) ao ponto de não usarem nada de cabedal, não comerem queijo, nem bebem leite (os hindus consideram o leite de vaca uma dádiva dos Deuses), nem comem vegetais que crescem debaixo do solo, entre uma série de excentricidades. No templo que fomos na colina de Malabar, fomos obrigados a tirar os sapatos antes de ir ao interior. Estava com medo que me gamassem os meus, injustificada, dado que sou muito mais alto que qualquer indiano que vi. Os templos estão muito orientados a Shiva com cabeças de elefante por em pinturas e estátuas. O espaço de oração é minúsculo e creio que aquilo não funciona para vindas em massas de fiéis. Nesse havia uma cantina grátis para jainins que serviam apenas arroz com um acompanhamento vegetal qualquer. Em Goa estivemos noutros templos “grandes” e não eram maiores que uma capela média cristã. No exterior tinham sempre uma torre branca á entrada, e uma piscina.
Um dos símbolos religiosos destas etnias é a suástica, o que pode parecer chocante a quem não estiver a par de que foi o partido nazi que copiou este símbolo já milenar e não o contrário.
Lendo o fantástico “Viagem do Mundo da Droga” é impossível não ficar curioso sobre os hábitos fúnebres dos Parsis. Grupo social rico, possuem uma boa parte da colina de Malabar onde construíram as “Torres do Silêncio”. Por convicção religiosa não enterram nem queimam os corpos. O meio de alcançar o pleno eterno é deixar apodrecer ao ar livre e que os animais os comam. Claro que isto despoleta um certo número de medos, desde espalhar doenças, atrair abutres e corvos, e de os animais andarem a jogar pedaços de corpos fora do recinto, vedado á entrada de estranhos. Dizem que chegavam turistas a andar a passear pelos parques que lá existem, e pousar um corvo que largava uma mão humana ao pé deles. Ultimamente usam e abusam de um composto químico que visa acelerar a decomposição dos corpos. Parece que o efeito foi ao contrário, acabando por envenenar os pássaros e alongando o tempo de processamento.
Os Muçulmanos têm mesquitas imponentes, ainda mais em comparação com os templos hindus, e vê-se o símbolo do crescente com a estrela em vários sítios, e escolas de urdu (língua do Pak). Existe uma interessante numa ilhota ao largo de Mumbai, ligada por um estreito trilho que fica submerso com a maré. Não são nada populares como minoria.
A herança católica tanto em Igrejas como em símbolos (há cruzes por todo o lado) é visível. Não sei se há fieis em número significativo, fora de Goa.
Dos Sikhs, predominantes no estado do Punjab, não observamos nada de particular.
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