Neve(r) ending Story
Na passada 5ª feira fazia BRU-LIS no TP615, com saida ás 19h.
Durante o dia nevou bastante em Bruxelas, cidade com pouca capacidade para lidar com neve em grande escala, como se pode ver que nem as estradas nem passeios são alvo de qualquer limpeza, autênticas pistas de gelo.
Soube antes de ir para Zaventem que o aeroporto tinha fechado, mas resolvi não arriscar, e optei por chegar com a antecedência normal, tendo check-in online já feito.
Estranho no aeroporto o voo TAP ser dos muito poucos que não tinham atraso reportado, entretanto tinha sabido que seria o A321 CS-TJF "Luiz Vaz de Camões" a fazer o voo, em proveniência dos Açores. Devido ao mau tempo por lá, tinha chegado a Lisboa com 1h30 de atraso, e com neve ou sem neve, este atraso ia ser propagado á saída de Bruxelas.
O embarque estava na porta A60. As duas miúdas da empresa de handling, belgas, não sabiam de nenhum atraso!!! Da TAP não estava lá ninguém na porta, mas elas falavam por telefone com o chefe de escala, que nunca deu a cara (falarei do assunto mais tarde).
Á hora da partida, e sem o voo ter chegado sequer, ainda nem atraso era anunciado, nem admitido pelos funcionários!!!
Bastou ir ao site da ANA para e ver que o TP 614 (o de ida) estava ainda em Lisboa. Isso garantia imediatamente um atraso mínimo de 3h, e ninguém o sabia informar!!! Pouco depois verifiquei ter realmente saído ás 18h25 de Lisboa, ou seja, 30 minutos depois da hora programada de saída de Bruxelas. A hora de saída é então actualizada para 22h15, mais realista.
Fui jantar, e volto pelas 21h15 á porta de embarque. Começo a estranhar estar lá um 737 da CSA estacionado, apenas uns metros atrás de encostar na manga, mas com um tractor de push-back encostado ao trem sem ninguém. O Avião estava vazio e powered off. Como é que íamos embarcar numa manga com um avião lá?? Verifiquei não haver mais nenhum voo para Praga ainda nesse dia.
40 minutos antes da hora de saida o TAP ainda não chegava, e no site do Aeroporto Nacional de Bruxelas, não se via nenhuma informação actualizada. Falo com um amigo português que tem acesso a uma rede de monitorização de tráfego aéreo em tempo real, e confirma-me estar o TAP a fazer um espera 40km a sudoeste de Bruxelas, a FL140.
O cúmulo do incrível, e eu tenho mais de 300 voos feitos, atingiu-se com algo que eu nunca tinha visto. No altifalante (aquele que se ouve em todo o aeroporto) ouve-se uma voz em português "boa noite, aqui fala-vos um passageiro do TAP 615. Visto não aparecer ninguém da TAP, tomo a iniciativa de comunicar que temos um atraso grande e que o voo não poder aterrar por causa de neve. Esperamos saber mais em breve".
Saliento também o profissionalismo pela TAP do PNC que ia embarcar, que ainda chegou a ir para dentro do balcão porta de embarque tentar perceber o que se passava e ajudar a serenar os passageiros na sua língua materna, algo bem longe das suas obrigações, e com risco de ser enxovalhado.
Entretanto aeroporto abria e fechava, para os meios limitados poderem limpar a neve na pista. Alguns voos já saiam e outros eram cancelados, com pax routeados noutras airlines, ou mandados para casa, ou hotel.
Havia um BRU-OPO, operado pela PGA com Embraer, que devia ter saído pelas 17h. Os pax embarcaram, estiveram dentro do avião 2 horas, e depois taxiaram para descolar. Devido á neve, o avião voltou á gare, e desembarcou os pax. Por esta altura, umas 3 horas depois, cancelaram o voo e mandaram os pax para casa/hotel, com saída para 12h do dia seguinte. Penso que deve ter "queimado" a tripulação por excesso de horas de trabalho consecutivas.
Só há hotel pago pelas companhias em caso de voos de ligação perdidos ou culpa directa da mesma. Greves de controladores, avarias nos aeroportos, e mau tempo não dão direito a nada. Apenas um vale de 8€ que serviu apenas numa barraquinha que ainda estava aberta.
Fico preocupado com o mesmo se passar com a gente, visto haver apenas um tripulante (e de cabine) para embarcar.
Mais um balde de água fria, quando sabemos que o TAP divergiu para Ostende, um pequeno aeroporto usado para voos de carga e charter. Longe demais para ir de bus, cerca de 30m em voo.
Desta vez quem falou em Português, foi o passageiro, chamado pelas miúdas do handling para que fosse ele a anunciar. Asseguro que o fez sempre em bom tom, sem qualquer intenção de incendiar o ambiente ou de promover acções de revolta.
Passou a ser ele a fazer os anúncios em PT, porque do chefe de escala, nem sinal.
Já passava da meia noite quando soube pelo amigo em PT que o TAP descolou em Ostende, rumo a Bruxelas, coisa que confirmaram na porta. Levaria 30 minutos e sairíamos pelas 2h da manhã mais ou menos. Começo a acreditar que o avião ia a voltar a Portugal desde que o tempo permitisse.
Estava ainda o 737 CSA junto á manga, a fazer de-ice e com o tractor de push-back ligado. Mesmo assim mudámos mais uma vez de porta, para a A51, livre para estacionamento.
Acabou por ser rebocado o 737, e veio para o ser lugar outro avião, reparei.
Á hora anunciada, chegou o nosso Camões á nossa porta. Nunca fiquei tão contente de ver um avião da TAP como nesse dia. Estava apenas com a roupa do corpo, pois tinha vindo de manhã de Lisboa, e tinha reuniões de trabalho de manhã.
Destaco o ambiente amigável dos passageiros, sem agressividade para com as meninos do handling, bem dispostos ainda. 40 minutos depois, começa o embarque. Vi ainda sinais de civismo gratificantes como passageiros ainda a darem passagem a mulheres sozinhas com 3 filhos, quando estas já estavam exaustas, e sem ninguém se empurrar. As miudas do handling mantiveram sempre uma postura profissional e boa cara, o que muito contribuiu para tal.
Na hora da "vitória" chega então o chefe de escala para colaborar. Que vergonha. Uma pax dirigiu-se-lhe e comentou a sua pobre e cobarde atitude em ser a cara da companhia e se esconder nos gabinetes deixando a "batata quente" nas mãos das miúdas, sem nem uma ver em 6 horas ter aparecido ali.
Respondeu ter estado sempre ao telefone em contactos com Lisboa e não ter tido
tempo, além de não querer problemas. Pergunto eu que contactos fez ele, quando nem atrasos anunciavam? Perdeu o número das operações de Lisboa? Nem sabia ir ao site da ANA ver que havia um atraso? Não podia ter aparecido uma vez para explicar a situação aos clientes que lhe pagam a estadia naquela cidade? Não sabia que as miúdas não falavam Português, e nem todos os passageiros possam ser bi-trlingues?
Mais uma vez, uma filosofia de olhar para dentro, e de considerar o pax como uma vaca para meter no camião rumo ao matadouro. A empresa que me mandou em trabalho, pagou 600€ pelo meu bilhete.
Desejei, de total intenção, feliz natal ás miúdas e embarquei finalmente. A bordo, a tripulação bem disposta e com um ar alegre, de modo que não vi má cara de ninguém pese ao cansaço geral. Estivemos quase uma hora á espera para descolar. Pouco dormi, mas aterramos na 21 em Lisboa um pouco ante das 5 da manhã. Tivemos de ir de bus para o terminal, donde sai para os táxis, uma alegria para os que estavam á espera das chegadas dos voos do longo curso vindos dos PFLP.
Valeu a pena a espera, e o meu agradecimento pelo esforço de quem de direito em nos trazer de volta, quando poderia ter sido mais confortável ter ido dormir mais cedo em Bruxelas ou noutro sítio qualquer.
Separando o trigo do joio, e não é da neve e da hora de chegada que não gostei, mas sim da cobardia da escala em BRU.
Felizmente tudo acabou bem, porque se há uns funcionários cobardes e preguiçosos, há também outros profissionais e com brio, que dão a volta ás coisas.
Durante o dia nevou bastante em Bruxelas, cidade com pouca capacidade para lidar com neve em grande escala, como se pode ver que nem as estradas nem passeios são alvo de qualquer limpeza, autênticas pistas de gelo.
Soube antes de ir para Zaventem que o aeroporto tinha fechado, mas resolvi não arriscar, e optei por chegar com a antecedência normal, tendo check-in online já feito.
Estranho no aeroporto o voo TAP ser dos muito poucos que não tinham atraso reportado, entretanto tinha sabido que seria o A321 CS-TJF "Luiz Vaz de Camões" a fazer o voo, em proveniência dos Açores. Devido ao mau tempo por lá, tinha chegado a Lisboa com 1h30 de atraso, e com neve ou sem neve, este atraso ia ser propagado á saída de Bruxelas.
O embarque estava na porta A60. As duas miúdas da empresa de handling, belgas, não sabiam de nenhum atraso!!! Da TAP não estava lá ninguém na porta, mas elas falavam por telefone com o chefe de escala, que nunca deu a cara (falarei do assunto mais tarde).
Á hora da partida, e sem o voo ter chegado sequer, ainda nem atraso era anunciado, nem admitido pelos funcionários!!!
Bastou ir ao site da ANA para e ver que o TP 614 (o de ida) estava ainda em Lisboa. Isso garantia imediatamente um atraso mínimo de 3h, e ninguém o sabia informar!!! Pouco depois verifiquei ter realmente saído ás 18h25 de Lisboa, ou seja, 30 minutos depois da hora programada de saída de Bruxelas. A hora de saída é então actualizada para 22h15, mais realista.
Fui jantar, e volto pelas 21h15 á porta de embarque. Começo a estranhar estar lá um 737 da CSA estacionado, apenas uns metros atrás de encostar na manga, mas com um tractor de push-back encostado ao trem sem ninguém. O Avião estava vazio e powered off. Como é que íamos embarcar numa manga com um avião lá?? Verifiquei não haver mais nenhum voo para Praga ainda nesse dia.
40 minutos antes da hora de saida o TAP ainda não chegava, e no site do Aeroporto Nacional de Bruxelas, não se via nenhuma informação actualizada. Falo com um amigo português que tem acesso a uma rede de monitorização de tráfego aéreo em tempo real, e confirma-me estar o TAP a fazer um espera 40km a sudoeste de Bruxelas, a FL140.
O cúmulo do incrível, e eu tenho mais de 300 voos feitos, atingiu-se com algo que eu nunca tinha visto. No altifalante (aquele que se ouve em todo o aeroporto) ouve-se uma voz em português "boa noite, aqui fala-vos um passageiro do TAP 615. Visto não aparecer ninguém da TAP, tomo a iniciativa de comunicar que temos um atraso grande e que o voo não poder aterrar por causa de neve. Esperamos saber mais em breve".
Saliento também o profissionalismo pela TAP do PNC que ia embarcar, que ainda chegou a ir para dentro do balcão porta de embarque tentar perceber o que se passava e ajudar a serenar os passageiros na sua língua materna, algo bem longe das suas obrigações, e com risco de ser enxovalhado.
Entretanto aeroporto abria e fechava, para os meios limitados poderem limpar a neve na pista. Alguns voos já saiam e outros eram cancelados, com pax routeados noutras airlines, ou mandados para casa, ou hotel.
Havia um BRU-OPO, operado pela PGA com Embraer, que devia ter saído pelas 17h. Os pax embarcaram, estiveram dentro do avião 2 horas, e depois taxiaram para descolar. Devido á neve, o avião voltou á gare, e desembarcou os pax. Por esta altura, umas 3 horas depois, cancelaram o voo e mandaram os pax para casa/hotel, com saída para 12h do dia seguinte. Penso que deve ter "queimado" a tripulação por excesso de horas de trabalho consecutivas.
Só há hotel pago pelas companhias em caso de voos de ligação perdidos ou culpa directa da mesma. Greves de controladores, avarias nos aeroportos, e mau tempo não dão direito a nada. Apenas um vale de 8€ que serviu apenas numa barraquinha que ainda estava aberta.
Fico preocupado com o mesmo se passar com a gente, visto haver apenas um tripulante (e de cabine) para embarcar.
Mais um balde de água fria, quando sabemos que o TAP divergiu para Ostende, um pequeno aeroporto usado para voos de carga e charter. Longe demais para ir de bus, cerca de 30m em voo.
Desta vez quem falou em Português, foi o passageiro, chamado pelas miúdas do handling para que fosse ele a anunciar. Asseguro que o fez sempre em bom tom, sem qualquer intenção de incendiar o ambiente ou de promover acções de revolta.
Passou a ser ele a fazer os anúncios em PT, porque do chefe de escala, nem sinal.
Já passava da meia noite quando soube pelo amigo em PT que o TAP descolou em Ostende, rumo a Bruxelas, coisa que confirmaram na porta. Levaria 30 minutos e sairíamos pelas 2h da manhã mais ou menos. Começo a acreditar que o avião ia a voltar a Portugal desde que o tempo permitisse.
Estava ainda o 737 CSA junto á manga, a fazer de-ice e com o tractor de push-back ligado. Mesmo assim mudámos mais uma vez de porta, para a A51, livre para estacionamento.
Acabou por ser rebocado o 737, e veio para o ser lugar outro avião, reparei.
Á hora anunciada, chegou o nosso Camões á nossa porta. Nunca fiquei tão contente de ver um avião da TAP como nesse dia. Estava apenas com a roupa do corpo, pois tinha vindo de manhã de Lisboa, e tinha reuniões de trabalho de manhã.
Destaco o ambiente amigável dos passageiros, sem agressividade para com as meninos do handling, bem dispostos ainda. 40 minutos depois, começa o embarque. Vi ainda sinais de civismo gratificantes como passageiros ainda a darem passagem a mulheres sozinhas com 3 filhos, quando estas já estavam exaustas, e sem ninguém se empurrar. As miudas do handling mantiveram sempre uma postura profissional e boa cara, o que muito contribuiu para tal.
Na hora da "vitória" chega então o chefe de escala para colaborar. Que vergonha. Uma pax dirigiu-se-lhe e comentou a sua pobre e cobarde atitude em ser a cara da companhia e se esconder nos gabinetes deixando a "batata quente" nas mãos das miúdas, sem nem uma ver em 6 horas ter aparecido ali.
Respondeu ter estado sempre ao telefone em contactos com Lisboa e não ter tido
tempo, além de não querer problemas. Pergunto eu que contactos fez ele, quando nem atrasos anunciavam? Perdeu o número das operações de Lisboa? Nem sabia ir ao site da ANA ver que havia um atraso? Não podia ter aparecido uma vez para explicar a situação aos clientes que lhe pagam a estadia naquela cidade? Não sabia que as miúdas não falavam Português, e nem todos os passageiros possam ser bi-trlingues?
Mais uma vez, uma filosofia de olhar para dentro, e de considerar o pax como uma vaca para meter no camião rumo ao matadouro. A empresa que me mandou em trabalho, pagou 600€ pelo meu bilhete.
Desejei, de total intenção, feliz natal ás miúdas e embarquei finalmente. A bordo, a tripulação bem disposta e com um ar alegre, de modo que não vi má cara de ninguém pese ao cansaço geral. Estivemos quase uma hora á espera para descolar. Pouco dormi, mas aterramos na 21 em Lisboa um pouco ante das 5 da manhã. Tivemos de ir de bus para o terminal, donde sai para os táxis, uma alegria para os que estavam á espera das chegadas dos voos do longo curso vindos dos PFLP.
Valeu a pena a espera, e o meu agradecimento pelo esforço de quem de direito em nos trazer de volta, quando poderia ter sido mais confortável ter ido dormir mais cedo em Bruxelas ou noutro sítio qualquer.
Separando o trigo do joio, e não é da neve e da hora de chegada que não gostei, mas sim da cobardia da escala em BRU.
Felizmente tudo acabou bem, porque se há uns funcionários cobardes e preguiçosos, há também outros profissionais e com brio, que dão a volta ás coisas.
Comments