Warsaw Ghetto Uprising

Da última vez que fui a Varsóvia tentei procurar um pouco mais da herança judia do que foi uma vez a maior comunidade judaica da Europa. Pouco ou nada há. Antes da 2ª Guerra, a Polónia albergava 2 300 000 judeus, cerca de 25% da comunidade mundial. Estavam espalhados na sua maioria por Varsóvia, Cracóvia, Lodz e Lublin.

Quando os alemães invadiram o leste, depois de já terem dado o tiro de partida á guerra com a invasão de mesmíssima Polónia, as suas SS montaram os Einzatsgruppen. Estes eram responsáveis por irem ás zonas conquistadas no Báltico (Lituânia, Estónia, etc) e Ucrânia exterminar prisioneiros de guerra eslavos, em total violação da convenção de Genebra. A Alemanha tinha rubricado este tratado e na frente Oeste da guerra cumpria-o mais ou menos.

No leste, como a guerra era contra os "subhumanos" , e ninguém civilizado estava a ver, exterminar um a um era uma tarefa fazível e justificada. Levavam os prisioneiros para valas que eles próprios escavavam á saida das cidades e matavam-nos um a um a tiro, deixando uns quantos no fim para fechar a vala. Esses eram depois também limpos. O mesmo faziam com judeus, de todas as idades, dando recompensas aos locais que denunciassem os escondidos. Um grande exemplo é a ravina de Babi Yar, á saída de Kiev.

Em Varsóvia, capital da Polónia as coisas já não se passavam ás claras. Primeiro criaram um ghetto para os 350 000 judeus ali habitantes. Murou-se o centro todo da cidade com blocos e enfiou-se toda a gente nas casas que ficaram. O muro tinha 3 metros de altura. O mapa seguinte mostra o aperto:
Chegavam a estar 3 e 4 familias num apartamento. Não os deixavam sair depois do anoitecer, e depois nem sequer mais. As doenças foram-se instalando, forçaram-nos a trabalhos forçados, começaram a deportar os velhos e doentes, de vez em quando havia massacres indiscriminados, e a pouco e pouco foram expoliando e martirizando milhares e milhares de pessoas. Em 1941, após Eichmann ter delineado a "Solução Final" começaram a deporta-los em comboios para o campo de extermínio de Treblinka, umas dezenas de kms fora da cidade. De notar que Treblinka, ao contrário de Auschwitz, nem campo de concentração (ou de trabalho - Arbeit Lager) é. Funcionou durante menos de 2 anos e exterminou-se ali 700 000 judeus. Foi desmontado em 1943 e nem existe a mais pequena prova de nada no sítio.


No filme o "Pianista" é visível a "Revolta do Ghetto" (Warsaw Ghetto Uprising) em 1943, que ditou a invasão armada alemã e o extermínio dos últimos que resistiam. Depois, pelas ordens do Fuehrer o bairro foi totalmente demolido, como o resto da cidade.

Do bairro pouco resta, apesar de ali ser a zona nobre da cidade, a penas o muro na rua (ulica) Zlota 62.

Estando em Varsóvia e tendo lido sobre esse sítio, tentei achaá-lo num tempinho que tinha antes de ir para o aeroporto. Vi-me á rasca para encontrar isso, porque é uma zona de grandes avenidas e não sabia qual o cruzamento ao certo.

Ao fim de um bocado á procura descobri que talvez fosse no interior de um condomínio fechado. Á socapa entrei por um portão destrancado e achei um mísero muro de tijolos com memorial.

De 550 000 pessoas resta isto.....











Hoje em dia restam 15 mil dos mais de 2 milhões de judeus que havia antes da guerra. A maior parte é o único sobrevievente de familias de cem pessoas. Primos, pais, irmãos, avôs, esfumou-se tudo.

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