Memórias da aviação fora de Portugal-anos 80
Ainda tenho recordações de voar nos 747s da TAP, rumo a Nova York (a TAP voava para JFK, na altura) e a Caracas. Ficava, desde pequeno, deslumbrado com os wide-bodies (2 corredores na cabine, ou seja, os grandalhões). Chamava o Jumbo de "Cabeça Gorda" e também ficava totalmente boquiaberto com os DC-10. Esses sempre os achei os mais lindos, nem sonhando com os graves problemas técnicos que tiveram. Viajei num deles, num voo VARIG em 1983 de Lisboa para São Paulo, passando por Salvador da Baía e Rio de Janeiro. Penos que numa das pernas, a última, trocamos para um B.737. Lembro-me de nos darem um kit com pasta e escova de dentes. Foram muitas horas a andar de avião, somando o FNC-LIS.
A McDonnel-Douglas nunca vingou em Portugal, tendo havido apenas o uso de excendentes da WWII (C-47 e C-54) e alguns DC-6 usados, jatos nunca se viram com registo "CS". Voltei a viajar num DC-10 da extinta Viasa de Lisboa para Caracas, penso que em 1987. Lembro-me de ver em 1984, o "007 vs Octopussy", na altura o primeiro James Bond que me chegou ao olho, nunca tendo ficando tão encantado com um filme antes. creio ter ido no 707 e de me baralhar no número do James Bond por causa disso. No regressar ficava mesmo todo ás avessas do jetlag, para não falar de em 3 semanas a programação da RTP-Madeira ter sido trocada.
Na venezuela, de assinalar o ter visto o Concorde (creio da Air France) lá a descolar após uma aterragem nossa. Tempos longinquos....
Os 747 encostaram no inicio dos anos 89, nunca mais foram cost-effective depois do abandono das colónias, os novos Lockheed L1011 Tristar 500 entraram ao serviço. Indubitavelemnte uma máquina de extrema qualidade mas de grande fracasso comercial, a encomenda de 4 da TAP foi o fim da linha de produção. Eram um grande upgrade aos 707s de cabine extreita. Motores Rolls Royce (ficava todo contente de ver o símbolo da RR nos motores RB211, dizendo que tinha andado num Rolls) de tecnlogia turbofan eram silenciosos e. A cabine, larguissima, a sentar 3-4-2. Adorava ir na fila central dos tristar, cabia a familia toda lá. Lembro-me de uns paineis á entrada com motivos dos descobrimentos lindíssimos. Devo dizer que achava o avião um bocado gordo e inestético e que "preferia" os DC-10 e 747.
Em Lisboa, mas em relação ao estrangeiro, lembro-me de ver aviões da Aeroflot em Lisboa em pleno auge da guerra fria. Chagava o meu pai sobre como não era proibido aviões dos bichos papões russos entrarem no nosso País.
Muito giros os voos internos que fiz nos US. Em 1985 fui de Nova Iorque á Florida, fazendo LaGuardia (nome do mayor que impulsionou a construção) x West Palm Beach num 757-200 da defunta Eastern Airlines. Isto foi há 21 anos e o fenómeno do corte das despesas a bordo era já vigente. Lembro-me, de ter ficado chocado de termos direito apenas a uma bebida em copo num voo de duas horas. Habituado á refeição da TAP (e da qual diziamos mal) ver aquilo e ter de pagar prara usar os fones para ouvir o som do filme (de borla no Tristar da TAP) foi chocante. A liberalização de mercado das airlines (coisa que ainda está embrionária na Europa) tinha ocorrido em 1978, com efeitos duros a nível de concorrência. A Eastern estava no top 5 das airlines nos US, mas uma dura fase começada por um gestor ex-astronauta da primeira viagem á Lua, Frank Borman fez com que fosse vendida no ano sguinte. A fase negativa foi culminada pela estupidez cega e mesquinhez de Franz Lorenzo (um inimigo público ainda hoje em dia nos US) fez com que tenha sido desmembrada e comida pela Continental, American e Donald Trump.
Fomos com desconto de funcionário de airline, e tivemos todos de ir como se fosse pra missa. O meu pai foi obrigado a colocar gravata já no check-in. Numa das vezes, chegámos tarde ao aeroporto e perdemos o avião. A cada 2 horas havia um voo e acabamos por ir no 6º. Fiz mais voos internos, em 1986 fui ao Canada na TWA, e em 89 e 93 voltei á Florida (TWA e American Airlines, penso).
Além de ficar basbacado com as aeronaves devo dizer que o que me impressionava era o tamanho dos terminais e aeroporto em geral. Num regresso de JFK num tristar da TAP, ficamos mais de uma hora em taxi!!! Via-se pelo menos meia dúzia de aviões na taxiway á nossa frente.
O aeroporto de Lisboa tinha um terminal de domésticos (onde é a agora o museu da ANA) á esquerda de quem entra no actual terminal. O que usamos agora, era minúsculo e era apenas para os internacionais. Mangas é coisa dos anos 90, enquanto já as via por esse mundo fora nos anos 80. Em JFK, inclusive, foi ao tristar (89, acho) um autocarro enorme do tamanho de uma vagão de comboio. Tinha 4 rodas e levantava a cabine em eixos hidraulicos até á altura da fuselgame. Acho que couberam os 300 e tal pax num só! Só vi semelhante coisa em Charles de Gaulle, mas pareceram-me inoperacionais. Em JFK, cada airline US tinha um terminal de pax maior que todo o terminal do aeroporto de Lisboa. Além dos civis fiquei maravilhado de ter visto vários F-15s em LGA ou JFK em 1989.
Penso ter viajado antes de haver raio-X para paxs. As preocupações com segurança era muito menores, tirando as de fronteira. Pacto Schengen nem ver e ir á França era com passaporte. Foi o primeiro sítio onde (ou)vi explodirem malas abandonadas no terminal, só passou a ser standard anos mais tarde noutros sítios. Lembro-me de estar em Orly em 85 e ouvir uma explosão enorme por causa disso. Havia montes de militares armados, e sempre estacionados junto ao balcão da El Al. Nos anos 80 houve uma série de atentados terroristas do grupo Abu Nidal num mês em Paris, que só pararam quando a França lhes deu uns valentes milhões de dólares (financiavam-se assim).
Em países de 3ª mundo (Venezuela) ou países que nos consideravam de 3ª mundo (US) éramos tratados abaixo de cão. No 1º caso, bastante pior que o 2º (porque Portugal era de facto um 3º Mundo até á entrada na CE), após o habitual escrutínio dos passaportes por um funcionário sisudo, vinha a parte de revistar as malas. Quase todos, toca a abrir as malas para os funcionários as revistarem. Como em qualquer País, comida, plantes e outras coisas do tipo não entra. Era tudo jogado fora. Lembro-me de trazermos gaiado seco da Madeira (iguaria muito apreciada pelos imigrantes fora de portas) e ficar ali. Lembro-me de outra vez trazermos um saco a pedido de alguém a quem a minha mãe tinha avisado para mandar apenas roupa e afins, e dentro do qual o funcionário descobriu dois ou três dentes enormes de alho (sic). Isto depois da minha mãe lhe ter dito que não trazíamos nada proibido.
Penso ter viajado antes de haver raio-X para paxs. As preocupações com segurança era muito menores, tirando as de fronteira. Pacto Schengen nem ver e ir á França era com passaporte. Foi o primeiro sítio onde (ou)vi explodirem malas abandonadas no terminal, só passou a ser standard anos mais tarde noutros sítios. Lembro-me de estar em Orly em 85 e ouvir uma explosão enorme por causa disso. Havia montes de militares armados, e sempre estacionados junto ao balcão da El Al. Nos anos 80 houve uma série de atentados terroristas do grupo Abu Nidal num mês em Paris, que só pararam quando a França lhes deu uns valentes milhões de dólares (financiavam-se assim).
Em países de 3ª mundo (Venezuela) ou países que nos consideravam de 3ª mundo (US) éramos tratados abaixo de cão. No 1º caso, bastante pior que o 2º (porque Portugal era de facto um 3º Mundo até á entrada na CE), após o habitual escrutínio dos passaportes por um funcionário sisudo, vinha a parte de revistar as malas. Quase todos, toca a abrir as malas para os funcionários as revistarem. Como em qualquer País, comida, plantes e outras coisas do tipo não entra. Era tudo jogado fora. Lembro-me de trazermos gaiado seco da Madeira (iguaria muito apreciada pelos imigrantes fora de portas) e ficar ali. Lembro-me de outra vez trazermos um saco a pedido de alguém a quem a minha mãe tinha avisado para mandar apenas roupa e afins, e dentro do qual o funcionário descobriu dois ou três dentes enormes de alho (sic). Isto depois da minha mãe lhe ter dito que não trazíamos nada proibido.
Comments
Quanto a decorações, Air Columbus... Simplesmente lindo!