Cancun, enclave dentro do México


Em 2000, na viagem de finalistas do curso fomos ao México, a Cancun. Não posso dizer que tenha conhecido o país na realidade. Cancun é um paraiso para americanos e europeus. Uma cidade na qual existe um enclave sócio-enconómico. é um lago artifical em forma de L, do lado de fora o oceano atlântico. A sul o aeroporto, onde chegámos num voo da Euroatlantic, o tristar CS-TEB, ex-TAP. Dias antes tinha aparecido nas notícias como tendo tido um problema que tinha deixado apeado pessoal uns belos dias. A EuroAtlantic Airways vinha das mutações recentes da Air Madeira ou Air Pestana ou lá o que era, e com consequente pouca fama. Mas a viagem ficou por menos de 200cts, 8 noites com pensão completa e guia, por isso em força fomos. A bordo, um caos nos WC e ainda o logotipo da TAP por todo o lado.

Ao chegarmos, controle aleatório de alfândega. Cada pessoa carregava num botão que fazia acender uma luz, se vermelha revistado até ás cuecas. Parecia uma roleta russa. Cerca de 1/6 dos pax eram vítimas deste jogo. Fui encavado aos 10 minutos no Mexico. Comprei um cartão de 10 USD/30min para ligar para Portugal, da Telmex. Um amigo meu comprou outro logo a seguir igual por 10USD, no mesmo sítio. Deu para 10 minutos. Ao chegar ao hotel Dos Playas, depois de passados por autênticos monumentos como um hotel em forma pirâmide, vemos que estávamos no meio de americanos betos. Eles tinham todos mais de 1.85m, loiros inchados de esteroides. Elas sem uma gota de gordura e todas pintas. Eram quase todos da parvónia americana, do Missouri. Passavam meses a preparar-se no ginásio para as férias do Spring Break. A farmácia ao lado do hotel tinha um letreiro garrafal "vendem-se anabolizantes".

No hotel, empregados mexicanos baixitos e quase avermelhados de raça Maia. O nosso guia era mexicano e tinha vivido em Portugal, onde foi massagista na linha de Cascais. O Miguel organizava as excursões ás ilhas e praias paradisiacas. Descobrimos mais tarde que nos encavava á toda a força. uma vez passei numa agência e vi que o preço da excursão por pessoa sem regatear (e no México tudo é regateável) era 25% mais baixo que o desconto por grupo!! Fomos a Xel-Ha (praia onde se rodou o filme "A Lagoa Azul", eu não fui), Spu-ha (praia, eu não fui) e a Chichen Itza, uma das três cidade maias restantes na zona. Tulum e Uxmal são la perto também, a Sul. As pirâmides valem a pena pela história, tivemos um guia muito bom, que nos explicou muita coisa fascinante. A cidade fica no estado de Yucatan, que faz fronteira com o de Qintana Roo onde fica Cancun. A segundo consta um descobridor espanhol ao chegar pela primeira vez lá, perguntou a um indigena como era o nome sítio. O indio retorquiu "Yucatan", ou seja, "não sou de cá". Contra a crença geral, a civilização maia tinha caido em desgraça possivelmente por alguma epidemia. Quando lá chegaram os espanhois toda a cultura e civilização estava perdida, como está hoje. É dali que vem o chiclet. Um americano que fugiu da guerra, apanhou os nativos dali a arrancar
uma seiva de uma árvore e a mascá-la. Chamava-se....Adams...

A última excursão foi um magnifico passeio de mota d'água e snorkeling no lago interior, já um esquema de uma agente brasileira. Fomos também á Isla mujeres, num barco com bar aberto. Degradante termos um tubarão dopado á chegada para tirarmos fotos a pegar nele. Depois mais passeio pago á parte (que declinei). A ilha era um violento esquema de limpeza de divisas. A Van Cleef & Arpels nomeia metade da ilha e tem lojas enormes de diamantes.

Voltando ao hotel, era 3 estrelas, mas bastante aceitável. Restaurante decente, embora repetitivo, com pratos semelhanets aos nossos mas cheios de pimentos. Durante a tarde uma barraca de hamburguers e hot dogs, que um dolar bastou no ultimo dia para ficar aberta mais meia hora. O bar, esse sempre a servir piñas coladas e bebidas á base de rum o dia todo. A coca cola tinha um sabor esquisito. Não havia qualquer tipo de forretice e os empregados eram de um servilismo dos tempos da monarquia. No meio a piscina, nas traseiras a praia de areia branca (areia é na realidade coral esmagado). Andavam umas iguanas á solta pelos jardins que ainda assustaram umas betas parvas portuguesas.

Os empregados eram pagos ao dia, a 3.5 USD. Recebiam ao fim do dia e voltavam para casa de autocarro. A policia de vez em quando fazia rusgas e confiscava os ordenados. De vez em quando mandavam parar carros para multar, coisa que depois não acontecia mediados uns dólares. A miséria era grande, na zona dos hoteis eram só hoteis de luxo e mexicanos só a trabalhar. Li no wikipedia que os hoteis são empreendimentos mexicanos embora pareçam americanos. Custa-me a crer, francamente que assim seja. A organização e limpeza que lá decorre não me lembra nada o México.

Na noite e na praia não se via vivalma de mexicanos. Devia ser espancados caso vistos a importunar alguma americana. As discos eram super-espetaculares. Cores agradáveis, bebidas em copos marados, música alegre, ar respirável, ambientes de sonho como a rocha falsa com cascatas (tipo Flintstones) como no Dady'O. O Cocobongo era monumental (é bar de NY onde acaba o filme Máscara, mas muito maior ), com um sósia do Máscara a andar por lá, jactos de ar frio e bolhas de sabão atiradas para o público. Tudo era controlado com sistema de pulseiras tipo válvula. Compra-se entrada na disco, dão-nos uma pulseira da cor do dia e toca a não perdê-la. A residência no hotel era também provada da mesma forma.

Os americanos sabiam como se divertir. Sempre bem dispostos não entravam em confusões nem por causa das mulheres dos grupos deles. Elas até pediam desculpa quando não estavam lá com pachorra para aturar os tugas. A minima infração em confusões aparecia um segurança e metia o infractor pela porta fora, algo muito raro.

Tudo se transacionava em dolares ou pesos. O câmbio esse era feito com vista a "arredondar" e a "simplificar as contas". Regatear era importante, senão era aldrabices á grande. Qualquer preço tem de ser contraposto com 1/4 desse valor. A verdade deve andar pelos 30% do pedido. Os americanos eram aldrabados á força toda sem se aperceberem, os tugas, mais ciganos e forretas sempre se safavam melhor. As enchiladas e as fajitas são pratos típicos mexicanos, mas pouco comuns lá no hotel. Tacos e burritos são tretas inventadas pelos cérebros do fast-food americano.

No regresso uma confusão no check-in (folha com nomes riscada á mão) com colegas a serem avisados que não tinham lugar. tivemos de pagar um visto de saida, despesa descoberta á última da hora. 2h horas de atraso por problema na APU do CS-TEB e lá fomos, com uma bela escala em Varadero onde saimos para jantar. Ar muito frio e a bordo e metade da malta chegou constipada a Portugal.

Comments

Boa crónica mas uma beca dura...lolol mas tb tive lá em Agosto...ou seja completamente diferente do Spring Break.
Não foste ver os crocodilos que habitam em cancun?

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