Despedida ao aeroporto de Istambul Ataturk e estreia em Tel Aviv
Despedida ao aeroporto de Istambul Ataturk e estreia em Tel Aviv
No final de 2018, sabendo que a demolição do aeroporto de Istambul Ataturk (IST), quinto da Europa em tráfego, estava para breve, havia que procurar uma derradeira oportunidade para por lá passar. Já tinha ido a Istambul, aterrando em Sabiha Gokcen (SAW), num voo da Pegasus oriundo da (não reconhecida) República Turca de Chipre do Norte.
O novo aeroporto de Istambul (ISL) está operacional e em breve irá acontecer desativação definitiva do atual, permanecendo SAW como complementar. Não se podem tecer ilações por analogia para avaliar opções estratégicas para a dualidade operacional da Portela e Montijo, porque o atual IST fica a 20 quilómetros da cidade, e SAW opera já há imenso tempo.
Planeei o voo a partir Lisboa com destino final Israel, rota na qual a Turkish Airlines é muito competitiva, mesmo antes da TAP Air Portugal relançar-se. Investindo algum tempo na pesquisa de voos deu para reservar duas das quatro pernas em wide body.
Saindo de Lisboa apanhamos um Airbus A321-200 (TC-JMN) com motores IAE.
Cabine excelente, ecrã táctil individual, e um fantástico vídeo de segurança com personagens da Lego. O Lenny do capacete fraturado aparece a lavar os vidros do avião dentro do hangar. Refeição de faca e garfo com direito a cerveja Efes (agora produzida na Alemanha).
A chegada a Istanbul foi noturna dando, no entanto, para perceber que a Turkish Airlines (TK) tem um centro operacional para rivalizar com as ME3, ultrapassando claramente a Etihad. A TK é a companhia recordista a nível mundial em diversidade de destinos. Em casa, poucos aviões além da TK, e quase todos de carga (Airbus A300 da MNG, A330F da Turkish) ou outras companhias turcas (Pegasus, Atlas Global, etc.). No meio de florestas de aviões deu para ver pinturas especiais da TK (retro e Liga Europeia de Basket).
De manhã apanhei a ligação para o aeroporto Ben Gurion em Tel Aviv, desta vez num Airbus A330-300 (TC-JOH), um autêntico luxo para um voo de apenas 2h30. Interior espaçoso, wifi (pago) a bordo, e sobretudo maior qualidade do IFE, face ao do A321.
Ao chegar a Tel Aviv, um ror de “pérolas”: Dreamliner retro da El Al, A330 e Dreamliner da Capital Airlines, Boeing 737MAX8 da Ethiopian (não o trágico) e Airbus A350-900 da Cathay Pacific.
Já no táxi deu para vislumbrar o Boeing 767 da El Al que colidiu com um 737 da Germania, todo pintado de branco, com ar de estar a ser desmantelado. David Ben Gurion foi o líder da independência de Israel, e o primeiro ministro inaugural, após o término do mandato britânico da Palestina. Ataturk simboliza o apreço nacional por Mustafa Kemal, o arquiteto do estado da Turquia, após dissolução do Império Otomano.
Um momento de spotting único é a base aérea das Forças de Defesa de Israel no Mar Morto. Da fortaleza de Massada, antigo palácio do Rei Herodes, era uma delícia observar dois C-130 a fazer toca e anda, a partir de uma pista de terra batida. O que torna este evento verdadeiramente único é estar 430 metros abaixo do nível médio das águas do mar.
A gare do aeroporto de Tel Aviv está toda impregnada daquela película supressora de calor, colada em todos vidros. Nada que impedisse ver o majestoso Boeing 777-300ER que me iria devolver a Istambul (TC-LJJ).
Foi o segundo voo mais pequeno que fiz num 777, batido por um Tóquio-Osaka na All Nippon Airways (ANA), operado com a versão doméstica do 777-300 (514 lugares). Cabine igual à do A330-300, configurada para 349 lugares, totalmente cheio em económica.
Ao chegar a IST, um raro evento que apenas eu festejei: um “borrego” que se denunciou por um ligeiro incremento do ruído dos motores, confirmado pela razão de subida positiva no flight tracker no ecrã individual. Segundo o comandante, deveu-se a uma questão de tráfego, devidamente notificado pelo controlo de tráfego aéreo local. Nos conhecidos sites de acidentes aéreos não aparece registo de incidente nem de conflito existente na pista. Para os incautos, foram dez minutos de atraso, para mim o primeiro borrego em wide body.
À saída da manga, presenciei um 737 da SCAT Airlines (Cazaquistão), avistamento raro na Europa. De manhã, regresso a Lisboa em A321 (TC-JTK), equipado com sharklets. Pelo meio dos pingos de chuva avistei o 737MAX8 da TK e um A340-600 da Mahan Air (possivelmente ex-Hifly Malta).
Ao fim de 4h30 aterramos na pista 03, e pude contemplar pela primeira vez o primeiro Airbus A330-900 a entrar em operação, o CS-TUB, entregue dois dias antes à TAP Air Portugal, launch customer deste modelo.
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