Privatização da TAP: No sábado que propostas terá o governo na mão para avaliar?


O deadline para apresentação de propostas de privatização da TAP termina 6a feira às 24h.

No sábado que propostas terá o governo na mão para avaliar?

Confesso que não tenho nenhuma perspectiva concreta do que vai sair daqui.

Acredito que:
1- Haverá propostas não Europeias
2- Que haverá algum sócio nacional em alguma medida
3- Que o chefe de fila será uma companhia aérea, não descurando a hipótese que no consórcio se integrem instituições financeiras
4- Que um consórcio possa estar montado para se separar mais tarde ficando com partes que lhes interessam (catering, TAPME, resto da Groundforce, etc.)
5- Que a companhia aérea a entrar no capital seja membro da Star Alliance ou venha a ser
6- Que a companhia aérea a entrar no capital tenha interesse em fazer escalas em LIS

Sobre 1 há sempre a questão do foreign ownership. Dentro da EU27 não há nenhum precedente de controlo acima dos 49% e o mais perto é o caso da Alitalia. A Virgin Atlantic com 49% na mão da Delta, dado a Virgin está mais implantada nos US que os US na Europa, não conta.
Portugal não é conhecido por ser foco de inovação em qualquer tema de concorrência ou modelo de negócio, mas não podemos viver do passado.

Sobre 2 o que não falta são "papáveis". EuroAtlantic, Hifly (há sempre uma réstia de ressabio contra a TAP), White (mais próxima da TAP) adorariam meter-se, mas também há a Urbanos, por exemplo. Grupos como o da MARTIFER têm-se posicionado em negócio diversificado e não seria surpreendente a entrada em cena. O grupo Barraqueiro (com ARRIVA na estrutura) tem peso nacional, e pode posicionar-se para outros temas (liberalização dos transportes públicos terrestres) ao dar um passo em frente para assegurar que há capital privado nacional ali. Pensar que podem ter votos suficientes no conselho de administração para que, somados aos do governo, as decisões sejam nacionais.

Sobre 3, a Alitalia foi privatizada (a primeira vez) com muito capital que não era aviação. BCP, Novobanco podem meter-se.

Sobre 5, a Avianca está na Star, e a Azul tem sido falada e com United a participar no capital. Aqui na Europa é só escolher, Lufthansa decidiria. A GOL se decidisse enfiar-se no Longo Curso (parceira da TAP a substituir a TAM nas rotas internas) seria a grande beneficiada.Excluiria a TAM, por estar na One World.

Sobre 6, que se calhar é o critério mais importante, é onde vejo a coisa afunilar. As únicas airlines que podiam ter interesse são as brasileiras. O hub da TAP só faz sentido a voar da Europa para Oeste, dado que o tráfego é maioritariamente brasileiro e low yield (falo de tudo o que não seja São Paulo e Rio de Janeiro). De modo que o interesse de uma China Eastern, que teria algum beneficio de montar um hub a meio da Europa (exo. Korean e a CSA checa) enviando os seu pax para os destinos principais dentro da Europa, nunca seria satisfeito com um Shanghai-Lisboa que sobrevoaria toda a Europa e implicaria um voo de volta para Este que atravessaria a Espanha durante 1h30 antes de estar em condição de atingir outros destinos. A Air China (também Star) faz escalas em Madrid a caminho de Guarulhos, sem ter de comprar nada.

Tenho a certeza que faltam várias peças do puzzle nesta análise, e que vamos ter surpresas no Sábado.

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