A Febre do Nespresso
Nunca fui grande fã de modas efervescentes. Uma delas é a febre do Nespresso.
Para mim café foi sempre sinónimo de sair e sentar na esplanada, a
conversar ou ler um jornal.
Não gosto do comodismo de ficar em casa por ter café lá, nem de beber
café sem estar a trabalhar.
Tendo mudado de casa e havendo mais frequência de visitas optámos por
comprar uma máquina de café para ter casa.
Decidimos ter uma que funcionasse a cápsulas. Vimos as máquinas
Nespresso, Nescafé e Delta Q.
Ganha a 1ª sem qualquer dúvida, pela variedade de tipos de café, e
pela maior probabilidade de haver falsificações de cápsulas.
O frenesim por esta marca, derivado da forte campanha com o George
Clooney estende-se à compra das cápsulas.
Já de si chega a ser surpreendente que num País habituado a bom café e
ao convívio, que ter uma máquina destas seja tão válido para afirmação
social.
Muita gente corre às (poucas) lojas para ir comprar as cápsulas,
quando as pode mandar vir pela net.
Sai mais barato comprar na loja, e é uma maneira de evitar que as
falsificações destruam a imagem da marca antes que fique sólida.
Muito contrariado fui à loja da Nespresso no Colombo comprar 50
cápsulas para restituir o stock lá de casa.
Antes de entrar vê-se que estava apinhada de gente.
É entrada um balcão com uma rapariga bem vestida e educada para...
dar-nos senhas de atendimento!!!!!
Isto não pode estar a acontecer... Disse qualquer coisa do tipo
"parece que vamos levantar um passaporte no balcão do SEF na loja do
cidadão".
O nosso número era o 706, no placard - semelhante ao dos correios -
ainda se ia nos 670s.
Fui dar uma volta e 15 minutos depois estava quase na nossa vez.
A zona de venda parecia uma loja de tecidos, com os mesmos expostos na
parte atrás do balcão, às cores. Aqui era o mesmo, com um
caleidoscópio de caixas às cores conforme o tipo de café.
Á nossa volta uma multidão de clientes de classe média/alta, com um ar
"realizado" pelo previlégio de estar ali naquele "Paraíso".
Lá somos atendidos por uma senhora bem educada e com modos de estar a
atender num stand de vendas da BMW.
Dá-nos boas tardes, de maneira mais que cordial e pergunta-nos que
café queremos.
Escolhemos 2 ou 3 variedades, que ela traz e alinha na mesa com muito
jeito, como se fossem caixas de colares na Tiffany's.
A seguir pergunta-nos o nosso "número de membro".
Daqui até o fim do atendimento acho que nem fechei mais a boca.
"Membro"??? Demos-lhe o número de tlm, que foi enviado quando fizemos
o registo no site, mas nunca fomos "membros" da Nespresso, quando
muito registados na base de dados de clientes como na TMN, GALP etc.
Membro é de algo facultativo (como de um clube de futebol) ou de algum
serviço extra opcional como o TAP VITORIA (e que mesmo assim não é bem
participado na qualidade de "membro").
Alguns fanáticos das Harley Davidson tatuam o emblema da marca, mas
não vamos comparar o que significa uma moto daquelas e o seu impacto
num estilo de vida, com uma maquina de café.
Depois perguntou-nos, com um ar muito sério e acolhedor, se estava
tudo bem com "a máquina".
Com a máquina???
Diabos, parecia que tínhamos comprado um Ferrari de 250 000 euros, e
não uma máquina de café de 150.
Claro que apoio o querer prestar um serviço de qualidade, diferenciado
em relação que tinha sido o negócio do café home-made.
Fico estupefacto é com o anedótico que é toda esta pompa, numa loja em
que se tem de tirar números para comprar umas caixas de cápsulas de
café.
Não estamos a falar de joias, nem de carros, nem mesmo de eletrónica
dispendiosa. Não passam de cápsulas iguais em enegnho ás das máquinas
de levar loiça, mas que contêm café. Se não se vende nos supermercados
é apenas por opção comercial da Nespresso.
Depois ofereceu-nos um livrete com os serviços que dispõem, e a
oportunidade de experimentar aromas de café na loja.
Fruto do meu atordoamento, optámos por ir embora.
Aparentemente só nós achámos isto irreal, a clientela em geral parecia
estar a gozar o momento como se estivesse a entrar na suite real
de um hotel de 5*.
Abrimos o livrinho dos serviços, e vimos que há uma aplicação para
iPhone para gerir os pedidos de café Nespresso.
A Nespresso tem aqui um caso de estudo de marketing para muitos anos
vindouros. A Apple conseguiu um produto tecnicamente mais evoluido que
a concorrência, que conjugou a imagem estética da marca. A Nespresso
conseguiu mais. Transformou um produto banal num factor de culto
inovando no modelo de distribuição, rompendo totalmente o mercado.
Tal como acho brilhante a Nespresso, acho acéfala a febre intensa do
cliente em submeter-se a tirar números para comprar café.
Não o fariam para comprar detergente de máquina.
Para mim café foi sempre sinónimo de sair e sentar na esplanada, a
conversar ou ler um jornal.
Não gosto do comodismo de ficar em casa por ter café lá, nem de beber
café sem estar a trabalhar.
Tendo mudado de casa e havendo mais frequência de visitas optámos por
comprar uma máquina de café para ter casa.
Decidimos ter uma que funcionasse a cápsulas. Vimos as máquinas
Nespresso, Nescafé e Delta Q.
Ganha a 1ª sem qualquer dúvida, pela variedade de tipos de café, e
pela maior probabilidade de haver falsificações de cápsulas.
O frenesim por esta marca, derivado da forte campanha com o George
Clooney estende-se à compra das cápsulas.
Já de si chega a ser surpreendente que num País habituado a bom café e
ao convívio, que ter uma máquina destas seja tão válido para afirmação
social.
Muita gente corre às (poucas) lojas para ir comprar as cápsulas,
quando as pode mandar vir pela net.
Sai mais barato comprar na loja, e é uma maneira de evitar que as
falsificações destruam a imagem da marca antes que fique sólida.
Muito contrariado fui à loja da Nespresso no Colombo comprar 50
cápsulas para restituir o stock lá de casa.
Antes de entrar vê-se que estava apinhada de gente.
É entrada um balcão com uma rapariga bem vestida e educada para...
dar-nos senhas de atendimento!!!!!
Isto não pode estar a acontecer... Disse qualquer coisa do tipo
"parece que vamos levantar um passaporte no balcão do SEF na loja do
cidadão".
O nosso número era o 706, no placard - semelhante ao dos correios -
ainda se ia nos 670s.
Fui dar uma volta e 15 minutos depois estava quase na nossa vez.
A zona de venda parecia uma loja de tecidos, com os mesmos expostos na
parte atrás do balcão, às cores. Aqui era o mesmo, com um
caleidoscópio de caixas às cores conforme o tipo de café.
Á nossa volta uma multidão de clientes de classe média/alta, com um ar
"realizado" pelo previlégio de estar ali naquele "Paraíso".
Lá somos atendidos por uma senhora bem educada e com modos de estar a
atender num stand de vendas da BMW.
Dá-nos boas tardes, de maneira mais que cordial e pergunta-nos que
café queremos.
Escolhemos 2 ou 3 variedades, que ela traz e alinha na mesa com muito
jeito, como se fossem caixas de colares na Tiffany's.
A seguir pergunta-nos o nosso "número de membro".
Daqui até o fim do atendimento acho que nem fechei mais a boca.
"Membro"??? Demos-lhe o número de tlm, que foi enviado quando fizemos
o registo no site, mas nunca fomos "membros" da Nespresso, quando
muito registados na base de dados de clientes como na TMN, GALP etc.
Membro é de algo facultativo (como de um clube de futebol) ou de algum
serviço extra opcional como o TAP VITORIA (e que mesmo assim não é bem
participado na qualidade de "membro").
Alguns fanáticos das Harley Davidson tatuam o emblema da marca, mas
não vamos comparar o que significa uma moto daquelas e o seu impacto
num estilo de vida, com uma maquina de café.
Depois perguntou-nos, com um ar muito sério e acolhedor, se estava
tudo bem com "a máquina".
Com a máquina???
Diabos, parecia que tínhamos comprado um Ferrari de 250 000 euros, e
não uma máquina de café de 150.
Claro que apoio o querer prestar um serviço de qualidade, diferenciado
em relação que tinha sido o negócio do café home-made.
Fico estupefacto é com o anedótico que é toda esta pompa, numa loja em
que se tem de tirar números para comprar umas caixas de cápsulas de
café.
Não estamos a falar de joias, nem de carros, nem mesmo de eletrónica
dispendiosa. Não passam de cápsulas iguais em enegnho ás das máquinas
de levar loiça, mas que contêm café. Se não se vende nos supermercados
é apenas por opção comercial da Nespresso.
Depois ofereceu-nos um livrete com os serviços que dispõem, e a
oportunidade de experimentar aromas de café na loja.
Fruto do meu atordoamento, optámos por ir embora.
Aparentemente só nós achámos isto irreal, a clientela em geral parecia
estar a gozar o momento como se estivesse a entrar na suite real
de um hotel de 5*.
Abrimos o livrinho dos serviços, e vimos que há uma aplicação para
iPhone para gerir os pedidos de café Nespresso.
A Nespresso tem aqui um caso de estudo de marketing para muitos anos
vindouros. A Apple conseguiu um produto tecnicamente mais evoluido que
a concorrência, que conjugou a imagem estética da marca. A Nespresso
conseguiu mais. Transformou um produto banal num factor de culto
inovando no modelo de distribuição, rompendo totalmente o mercado.
Tal como acho brilhante a Nespresso, acho acéfala a febre intensa do
cliente em submeter-se a tirar números para comprar café.
Não o fariam para comprar detergente de máquina.
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