Rescaldos de Ceausescu
Tive a oportunidade de visitar Bucareste em trabalho.
Cidade grande, com cerca de 2 milhões de habitantes, em rápida expansão e desenvolvimento. Muitas multinacionais, KPMG, Oracle a se instalarem na zona Norte, entre a cidade e o aeroporto Henri Coanda.
Avenidas larguissimas e rectilineas como em Pequim tornam o andar de carro fácil, apesar do trânsito caótico á base de buzina. Muitos carros na rua, mas garagens nem ver, e estacionamentos de segunda fila norturno são bem comuns.
O centro da cidade é uma megalomania de prédios imponentes neoclássicos do governo. O ditador Ceasescu decidiu eleminar igreja e ruinas romanas para construir uma capital de orgulho. Em 1983 mandou contruir o paláco do governo, 2o maior edifico do mundo atrás do Pentágono, com uma área de 240 x 260 metros. Durante a sua contrução destruiu as finanças do estado, mais um prego no seu caixão. Estivemos 30m dentro do edificio onde
vimos salões e corredores impressionantes, dignos de um Louvre. Ao todo vimos 5% do Palácio!
Dificil de encontrar restaurantes e cafés no centro da cidade. Vimos ciganos a vender coisas na rua, mas nada que suplante aquilo que é comum mesmo cá em Lisboa.
A relva não parece crescer nesta cidade. Em todos os jardins e canteiros tem um aspecto morto e escalpada. Jardins feios sem flores, cheios de ervas daninhas.
Pela positiva não vimos delinquência nem sinais de miséria nem criminalidade.
Na parte dos carros a Roménia é um País francamente impressionante.Cerca de 1/3 dos carros são produção local. Os Dacia produzidos a partir de tecnologia base da renault cobrem de maneira eficiente o mercado de poucas posses romenos com carros bons e de
baratos. Começou tudo nos anos 70 como o Dacia 3100, derivado do Renault 12 do qual se vêm imensos hoje ainda.
Subsequentes modelos já mais originais de desenho local como o SuperNova, Solenza e actual Logan são um sucesso. Apesar de pouco equipados e de serem de manutenção fácil, têm um aspecto moderno e funcional. Começam a ser exportados, inclusive para Portugal. Um Logan que parece um Clio com mala, custa 6000 euros.
Já descontinuado está o Oltcit, um Citroen Visa de 3 portas.
As pessoas têm um aspecto pouco alegre e amistoso, mas depois de se haver contacto são correctos. Falam bastante bem o inglês, fruto de uma TV legendada. Nota-se uma sociedade um bocado machista já que as raparigas mais bonitas são as que parecem ter empregos mais credíveis. As grandes marcas ainda estão a entrar de modo que as pessoas vestem um estilo antiquado pelos nossos padrões.
Bucareste é uma Las Vegas do Leste Europeu. Existem inúmeros casinos de todos os tamanhos e feitios. Há bastantes voos do Israel a trazer judeus (que também são emigrantes) para fins de semana de jogatina. Claro que vêm no Sábado á noite e voltam no Domingo. No hotel deram-nos um mapa de turismo que nas costas era um catálogo de Escort Service. Algumas diziam "He Speak Hebrew".
A nível de religião são ortodoxos, fazendo deles o único país latino não católico que conheço. Vi muito poucas igrejas em Bucareste mas a venda de ícones religiosos mostra o carácter ortodoxo.
O Romeno é perceptível quando lido por nós, mas totalmente crítpico ao ouvido, soa a polaco. Como em polaco, "Curva" é prostituta e como em russo, "Da" é "sim".
O aeroporto é muito fraco para uma capital europeia. Apesar de ter apenas 10 anos, a gare tem um aspecto pouco moderno, com uma escolha de lojas e espaços de restauração reduzidos. Existe apenas um voo para o outro lado do Atlântico, da Delta para JFK. A Tarom tem apenas médio curso, usando os 2 A310 para voos curtos também. Perto da pista, alguns ROMBAC 1-11 (BAE BAC 1-11 produzidos localmente sob licença) a apodrecer.
Sobre o casal Ceausescu, chamavam á Elena a Có-Dois. tinha uma licenciatura em química e um doutoramento em polímeros de muito duvidoso mérito. Parece que um dia em público ao falar destes assuntos mencinou um composto químico chamado Có-Dois, designação que perdurou.
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