O fim da Air Luxor

O fim da Air Luxor

A Air Luxor está em processo de venda para a EuroAtlantic Airways, e pelo caminho um projecto ambicioso faliu dando origem a uma empresa para salvar os activos dos credores, a HiFly.

Nunca tinha ouvido falar da Air Luxor até 2002, quando vivendo fora do país, vejo um belo cartaz com o A330 CS-TQF (o -200 que nunca veio ) na Portela. De um marketing visível levou 4 anos até ao fechar das portas.

Que aconteceu de mal?


A começar pela filosofia de "Acabar com a TAP". Só muita ingenuidade pode fazer alguem pensar que pode levar a falência uma empresa estatal. A Optimus não foi tentar fechar a PT/TMN, foi tentar conquistar o seu mercado. Acho pouco provável que o Cmdt Mirpuri, ex-TAP, tenha sido o obreiro deste desastre estratégico. Tem um inegável respeito pela indústria da aviação, será que outros do clã pensam assim?

Um factor negativo que escaldou muito pax foi a questão do Air Luxor Light. Passou a ideia de low-cost e não era, e ficou a imagem (imagem comercial subconsciente!!) de má qualidade e preço enganoso.

Quanto ao pax da Madeira o Fokker 100 da Eujet operado no verão de 2004 foi um passo atras, apesar de terem estimulado concorrência real naquela linha. Montes de avarias e o aspecto frágil minaram a confiança do pax.

O episódio do CS-TQE caido de nariz na placa em FNC (foto em cima), fruto de manutenção da treta na Tunisia, não penso que tenha sido assim tão grave em termos comerciais.

Negativo, mas longe do publico em geral, as confusões com vários aviões apreendidos, cash-for-fuel, cash-for-handling etc. Os CS-TNE e CS-TMW foram apreendidos em Londres por não pagarem o leasing ao dono e o CS-TNB na Sogerma em Bordeus por incumprimento da dívida com a oficina.

A gestão com de relações com as agências de viagens não sei se terá sido a melhor. A Air Luxor pagava 5 euros por trás aos agentes para meterem os pax na LK. Mas depois não pagou o prometido e o tiro saiu pela culatra. As confusões com a aldrabice nas tarifas de residente da Madeira também borraram a pintura.

Por fora um derrota no concurso para os Açores em detrimento da SATA. Provada a ilegalidade reclama a Air Luxor 100M€. No reverso da medalha dívidas a muitos fornecedores e a exigência de falência por parte de uma companhia de leasings.

A saida inglória do mercado regular para a Madeira com bilhetes a não serem aceites sequer pela PGA deixa pouca compaixão por pax leais durante alguns anos.

De positivo ficou uma airline privada com aviões novos (ou quase) com voos regulares e com aviões de longo curso. O self-handling e hangar na Portela mostraram mais que uma companhia montada no vão da escada. Foram o primeiro operador de A330 em Portugal.

Talvez tenham aparecido muito cedo, talvez depois da privatização da TAP as coisas abram-se mais em Portugal contudo, a impaciência e tentativa de crescimento sem sustentação são a morte de qualquer empresa.

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